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08
nov
10

AIKIDO YOSHINKAN

O Yoshinkan Aikido foi fundado por Gozo Shioda Sensei (1915-1994), um dos primeiros alunos de Morihei Ueshiba Sensei. O estilo se mantém bem próximo do Aikido tradicional criado por Ueshiba Sensei, com ênfase nas técnicas ensinadas pelo O Sensei durante o período anterior à II Guerra Mundial.

A palavra YOSHINKAN significa “local para o cultivo do espírito”, onde

YO: treino, cultivo

SHIN: espírito

KAN: casa, lugar

O estilo segue o principio de que Aikido é Harmonia, que pode ser alcançada por meio de treino e dedicação, produzindo resultados positivos para o praticante e para todos a sua volta.

O nome Yoshinkan foi adotado por Gozo Shioda Sensei por ter sido o nome de um antigo dojo particular de seu pai, um influente médico que apreciava as artes marciais e incentivava seus alunos a praticarem o Judo como forma de se manterem saudáveis.

Este estilo de Aikido foi muito difundido no Japão após a II Guerra Mundial graças aos esforços de Shioda Sensei e logo foi conhecido como o estilo oficial usado pelas Polícias de Choque, Metropolitana e Feminina de Tóquio, atraindo com o tempo muitos estrangeiros para os estudos e práticas da arte.

Com o aumento do número de estrangeiros e ocidentais a praticarem a arte, Shioda Sensei freqüentemente recebia questionamentos como: “qual a angulação correta da perna”, “qual a porcentagem do peso do corpo que deve ser destinada à frente”. Esses detalhes analíticos ocidentais não eram visados no estilo ortodoxo japonês dos ensinamentos do Budo e provavelmente causaram estranheza por parte dos instrutores. Para atender os anseios dessas perguntas e para manter uma padronização, os Sensei introduziram um sistema educacional utilizando ângulos aproximados e o desenvolvimento do aprendizado das técnicas utilizando uma contagem.

Esse método facilita o aprendizado dos passos intermediários que em conjunto formarão a técnica básica. Por outro lado, faz com que os movimentos percam muito de sua flexibilidade e fluidez, chegando a causar estranheza à primeira vista. Por esse motivo o estilo ficou conhecido como Aikido ”duro”.

Portanto, “duro” não se refere à truculência e não tem a ver com o fato de ser um estilo anterior à Guerra ou por ser utilizado pela polícia de Tóquio e sim ao método de aprendizagem.

O fundamento do treinamento do Yoshinkan Aikido baseia-se em uma série de movimentações básicas. O movimento do corpo, equilíbrio, foco e uma atitude mental são criados pela repetição do treinamento dos movimentos básicos que são ensinados até o todo possa ser visualizado. Cada técnica pode ser vista como uma série de movimentos agrupados.

O Aikido Yoshinkan se utiliza do atemi como forma de distração para aplicação das técnicas. No Budo, O-Sensei enfatiza a força no atemi como um pré-requisito para técnica tradicional e Shioda Sensei manteve estas características. A variação do significado do atemi é muito efetiva e permite a uma pessoa menor ou fisicamente mais fraca efetuar técnicas sobre pessoas maiores e fortes. O atemi também permite ao shite controlar a movimentação de acordo com o tempo e intensidade da técnica, além também de auxiliar no direcionamento do movimento.

Em 1990 Gozo Shioda Soke e seu filho Yasuhisa Shioda Sensei estabeleceram a International Yoshinkan Aikido Federation (IYAF), que em 2008 foi transformada em Aikido Yoshinkai Foundation (AYF), que visa divulgar o Aikido Yoshinkan pelo mundo com respeito e harmonia.

Segundo AYF, Yoshinkan não é um esporte. É um desenvolvimento e fortalecimento do corpo e da mente, que aliados à pratica do Aikido nunca devem ser esquecidos. Portanto, Aikido é para todas as pessoas, não importando a idade, sexo, raça e cultura.

A filosofia da arte é a mesma proposta por O-Sensei: eficácia em defesa pessoal com muito amor e controle da agressividade. A Yoshinkan só difere, portanto, na forma do ensinamento básico. É um estado de espírito, um sentimento, que para ser percebido, deve ser praticado.

b

Conforme você envelhece, seus músculos perdem a força,

E você não consegue mais erguer e puxar.

No final há um limite para a força física, não importa o quanto você a desenvolva.

É por isso que Ueshiba Sensei diz que força ilimitada

Vem do poder da respiração

Em fato, é baseado em princípios naturais.

Se a outra pessoa vem impetuosamente contra você,

E você reage simplesmente usando esse poder,

Não há necessidade para esforço algum.

Gozo Shioda Soke

Extraído do site: aikido Ikeda

17
mar
10

Renda-se à comida japonesa!

(Texto: Redação/ipcdigital.com )

Não é por acaso que a maioria da população japonesa tem uma silhueta esbelta e está entre os povos com maior longevidade no planeta. Um dos segredos é a alimentação, considerada uma das mais ricas, saudáveis e equilibradas do mundo. De acordo com nutricionistas, o que faz tanta diferença é a harmonia entre os ingredientes.

O hábito de consumir proteínas, fibras e carboidratos no desjejum, com a ingestão de arroz, peixe, verduras (asagohan) e missoshiru (sopa de missô, pasta de soja) é tido como um dos responsáveis pelo baixo índice de obesos no país. Completam esse cardápio nas refeições principais mais peixes (crus ou grelhados), algas de diversos tipos, alimentos à base de soja, verduras e legumes cozidos.

LEVE E SAUDÁVEL
Confira quantas calorias possuem algumas iguarias da culinária japonesa:

sushi de salmão
65 kcal
sushi de atum
45 kcal
sushi de atum gordo (toro)
72 kcal
sushi de pargo (tai)
43 kcal
sashimi de salmão (100 g)
211 kcal
sashimi de atum
146 kcal
tekkamaki (atum)
25 kcal
tekkamaki (pepino)
17 kcal
tempurá (uma unidade)
50 kcal
shiitake (100 g)
25 kcal
missoshiru (100 ml)
50 kcal
shoyu (100 ml)
134 kcal
saquê (100 ml)
133 kcal
kani (unidade)
20 kcal

Para o estrangeiro que está no Japão vale a pena investir nesse tipo de alimentação, em benefício da saúde.  Cientistas já compravaram, por meio de diversas pesquisas, que certas doenças, como as do coração, a osteoporose e até certos tipos de câncer podem ser evitados com uma alimentação saudável e balanceada. Entre esses nutrientes, muitos são encontrados nos ingredientes que compõem as refeições do dia-a-dia japonês.

Também o sushi, um prato aparentemente simples, é rico em proteína e minerais como cálcio, fósforo e ferro. O vinagre adicionado ao arroz possui propriedades antibacterianas, além de prevenir a fadiga e diminuir o risco de arteriosclerose e hipertensão.

Não dispense nem mesmo o nabo cortado em tiras finas que acompanha o sashimi. O comumente chamado tsuma tem enzimas digestivas que auxiliam na digestão de gorduras, facilitando o trabalho do organismo. Já os mariscos têm propriedades rejuvenecedoras, sobretudo para a pele.

Soja poderosa

Mais poderes tem o missoshiru, com benefícios principalmente para as mulheres. Segundo estudos realizados no ano passado pelo Centro Nacional de Câncer do Japão, tomar a sopa com freqüência pode reduzir os riscos do câncer de mama. Os pesquisadores acompanharam, durante uma década, os hábitos alimentares de 21,8 mil mulheres entre 40 e 59 anos e descobriram que aquelas que tomavam mais de três tigelas de missoshiru por dia tinham 40% menos chance de ter câncer de mama do que as que tomavam apenas uma tigela diária. Quem tomava duas tigelas por dia reduzia as chances da doença em 26%. No entanto, a pesquisa alerta: tomar missoshiru demais faz mal à saúde, devido à quantidade de sal.

Os benefícios são graças à soja (da qual o missô, a base da sopa, é feito), rica em isoflavona, que age como o hormônio feminino estrogênio, cuja falta pode provocar problemas para a mulher.

SAÚDE NO PRATO DO DIA-A-DIA

PEIXE CRU: o peixe não exposto ao calor contém um ácido que reduz o colesterol e previne a hipertensão. Alguns tipos de peixe, como a cavala (saba) e o salmão, possuem alto teor de ômega 3, que ajuda a diminuir o colesterol total e a ocorrência de alguns tipos de câncer. Também são ricos em proteínas e importantes fontes de vitamina B1, A, D e E, além de cálcio, sódio, zinco e fósforo.

• ARROZ: é a base da alimentação dos japoneses. O grão contém ferro e aminoácidos essenciais para o organismo.

• SUSHI: o arroz possui grande quantidade de vinagre, que ajuda a ativar a circulação.

• TOFU: fabricado com leite de soja, é importante fonte de proteínas. É isento de colesterol, pouco calórico e possui fitoesteróides (substâncias que produzem efeito semelhante aos hormônios).

• UMEBOSHI: um antigo provérbio japonês já diz tudo: “Um umeboshi por dia e chegamos aos cem anos de vida”. Também contém substâncias com poderes antibióticos e de neutralizar o acúmulo de ácidos no organismo.

• CHÁ VERDE: segundo estudos, tomar pelo menos cinco xícaras de chá verde por dia (com acompanhamento médico) reduz a possibilidade de ter um derrame. Além disso, a bebida é antibiótica e antioxidante.

• SOJA: são muitos os produtos no Japão feitos à base de soja, como tofu, missô, shoyu, nattoo e age. Dependendo da época, o grão pode ser encontrado in natura, ou torrado como se fosse amendoim. Possui várias proteínas que ajudam a reduzir o colesterol ruim e a aumentar o colesterol bom, além de prevenir doenças do coração, certos tipos de câncer e osteoporose. Vinte e cinco gramas por dia de soja reduz o colesterol total em 9,3%; o de colesterol ruim, em 12,9%; e os triglicérides, em 10,5%.

• ARAME: alga rica em cálcio, ferro e outros minerais. Não tem caloria e pode ser preparada com outros vegetais. É colhida só no Japão.

• HIJIKI: esta alga é rica em ferro, cálcio e proteínas.

• WAKAME: possui proteína, ferro e magnésio. Esse tipo de alga é muito usada no missoshiru.

• KOMBU: alga muito rica em minerais. Ajuda na digestão das fibras.

• NORI: rica em vitamina A e proteínas. Este tipo de alga também possui cálcio, ferro, vitaminas B1, B2, C e D.

ALIMENTOS QUE FAZEM MUITO BEM

Vários outros alimentos aos quais os brasileiros estão acostumados também podem ser tão saudáveis quanto a comida japonesa. Basta saber prepará-los de forma a preservar ao máximo suas propriedades, sem incorporar ingredientes calóricos. Confira:

• Feijão: o alimento número 1 dos brasileiros possui fibras que reduzem o mau colesterol. Também ajuda na prevenção de câncer e de doenças cardíacas. É rico em carboidratos complexos, que saciam a fome e queimam a energia de forma lenta.

• Cenoura: possui betacaroteno, um poderoso antioxidante. É rica em vitamina A, que é boa para olhos, cabelos e pele. Também protege contra alguns tipos de câncer.

• Brócolis: previne cálculos renais.

• Banana: previne doenças do coração, derrames e problemas do estômago e intestino, por possuir vitamina B6 e o triptofano, que ajuda a combater a ansiedade. É rica em potássio, que evita cãibras.

• Nozes e castanhas: reduzem os riscos de câncer e de doenças do coração. Possui vitamina E, que previne a catarata, e potássio, que reforça a imunidade. A castanha-do-pará é uma rica fonte de selênio, que tem função antioxidante. Nesse grupo, estão ainda o amendoim, o pistache e a castanha-de-caju.

• Iogurte e cebola: contribuem para prevenir a candidíase.

• Batata e maçã: ajudam a combater a diarréia.

• Azeite de oliva: é rico em vitamina E. Ajuda a combater os radicais livres e a controlar doenças como diabetes e artrite reumatóide. Também previne câncer de próstata, de cólon e de mama, e ajuda a proteger o coração, diminuir o mau colesterol e aumentar os níveis do colesterol bom.

08
nov
09

Hiragana e a literatura

A necessidade de expressar livremente os sentimentos do povo japonês impulsionou a escrita e a literatura da Era Heian, dominada pelas grandes mulheres

 

leitura de kanjis

A necessidade de expressar livremente os sentimentos do povo japonês impulsionou a escrita

Por que surgiram os fonogramas hiragana e katakana?
Os japoneses não conheciam a escrita até ter os primeiros contatos com a cultura chinesa, por volta do século V. À medida que os japoneses foram dominando a escrita (kanji ou ideogramas), a língua e a literatura chinesas, eles começaram a sentir as limitações de se adotar essas formas de comunicação de um outro povo. Assim, para atender à necessidade de expressar livremente os sentimentos do povo japonês por escrito, foram criados os fonogramas hiragana e katakana, elaborados a partir do kanji.


Origem de Man’yôgana
Durante muito tempo, os japoneses liam os kanji à moda chinesa e tentavam entender o significado de cada letra, já que os kanji são ideogramas, ou seja, a transcrição da idéia e não do som, como é o caso da maioria das letras existentes. Pouco a pouco, os japoneses passaram a escolher a palavra adequada para cada kanji e lê-lo à moda japonesa. Por exemplo, o kanji que significa inverno é , sendo a leitura chinesa “dong”; porém, como em japonês inverno se diz “fuyu”, o kanji passou a ser lido “fuyu” também.À medida que as palavras japonesas também foram filtradas e unificadas, os japoneses tiveram a idéia de transcrevê-las aproveitando apenas o som, ou seja, a sua leitura, desprezando a idéia ou o significado do kanji. Por exemplo, “hana” (flor – ) passou a se escrever também , já que tem a leitura “ha” e , a leitura “na”. Esses ideogramas (kanji) empregados apenas como fonogramas receberam o nome de man’yôgana, já que foram utilizados na transcrição dos poemas japoneses reunidos na antologia intitulada Man’yôshu.


Criação do hiragana
A caligrafia empregada deixou de ser letras de traços retos e definidos, adotando o estilo cursivo, o chamado sôsho-tai, criado na China. Porém, no Japão, o estilo foi adquirindo características próprias, “simplificando” de tal forma os kanji a ponto de ficarem bem diferentes das letras originais. Desse estilo cursivo “simplificado”, nasceu o hiragana. Assim, o hiragana é um conjunto de letras mais curvilíneas.


Criação do katakana
Assim como o hiragana, o katakana também foi criado a partir dos kanji, mas possui características diferentes. O katakana surgiu como sinais gráficos para auxiliar na leitura de textos chineses, ou ainda, para serem inseridos nos poemas ou textos em estilo chinês, a fim de facilitar sua leitura e compreensão. Essas “letras complementares” ofereceram aos japoneses uma maior expressividade, já que podiam escrever com maior desenvoltura até diferenças delicadas e nuanças dos sentimentos.O katakana foi criado com base em uma parte dos kanji, por isso seus traços são mais retos e rígidos.O uso tanto do hiragana como do katakana consolidou-se no início do século X, em meados da Era Heian, e são empregados até os dias de hoje, concomitantemente com os kanji.


A literatura em kana = literatura da nobreza
Após a criação dos fonogramas kana, a literatura entre os nobres conheceu o seu apogeu, constituindo a era áurea dos waka – poemas japoneses. Esses poemas que enaltecem a natureza, as diferentes facetas das quatro estações e os elementos da natureza foram criados graças à existência dos kana. O modo de expressão dos poemas contribuiu muito na formação da consciência estética dos japoneses. Nos palácios do imperador e dos nobres, as reuniões para compor e apreciar os poemas tornaram-se cada vez mais freqüentes, deixando de ser apenas um simples passatempo das mulheres. Saber compor poemas tornou-se um importante requisito para manter um convívio social entre os nobres da corte. A falta de interesse pela política ocorreu na mesma proporção em que se ampliou o círculo literário da nobreza.


Obras clássicas
O Tosa nikki (Diário de Tosa) foi escrito por volta do ano 934, por Ki-no-Tsurayuki e incentivou muitas mulheres a escreverem diários, estimulando a criação de muitas literaturas do gênero.Genji-Monogatari (Contos de Genji), escrito por Murasaki-Shikibu, por volta do ano 1001, é conhecido como uma obra literária clássica de maior volume. Descreve a elegante e requintada vida da corte, os sentimentos do personagem principal, Hikaru Genji, em relação às mulheres com quem se envolve e as intrigas pelo poder. Não se trata de uma simples ficção, mas se observa a preocupação de descrever os usos e costumes, assim como os pensamentos da Era Heian.Makura-no-sôshi é uma crônica escrita por Sei-Shônagon sobre a vida na corte, que descreve de forma vivaz, com sensibilidade aguçada e com genialidade, os hábitos do cotidiano da corte.Kokin Waka-shû é uma antologia de 20 volumes que reúne 1.100 poemas compilada por ordem imperial (chokusen-shû), datada do ano de 905.

 


Rivalidade entre duas literatas
Tanto a autora de Genji-Monogatari, Murasaki-Shikibu, como a de Makura-no-sôshi, Sei-Shônagon, pertenciam à classe média da nobreza e serviram à família imperial na mesma época. Foram duas mulheres que lideraram as tertúlias realizadas na corte. Sei-Shônagon possuía gênio forte, fazendo questão de exibir o seu talento. Murasaki-Shikibu, uma mulher mais recatada e retraída, escreveu críticas severas em relação a essa atitude “exibicionista” de Sei-Shônagon em seu diário.Por serem os poemas a forma de literatura mais valorizada na Era Heian, as obras dessas duas mulheres, mesmo conquistando muitos leitores, ficaram relegadas a um segundo plano, encaradas como um passatempo de mulheres da corte. Ainda assim, a literatura da Era Heian floresceu graças às grandes mulheres.
23
set
09

Uma Breve História

A denominação oficial de Aikido data de fevereiro de 1942. antes dessa data, a arte era conhecida por vários nomes, embora a substância permanecesse sempre a mesma. Pode-se encontrar uma história detalhada do Aikido na biografia do fundador que escrevi em japonês (Aikido Kaiso, Ueshiba Morihei Den. Tóquio:Kodansha,1977). O que se segue é uma breve história que acompanha o nome à medida que este vai sofrendo alterações.

O pai de mestre Ueshiba,Yoroku, era proprietário de terras relativamente próspero e também tinha participação nos negócios de pesca e de madeira. Respeitado pelas pessoas de sua comunidade, foi membro dos conselhos da vila e das cidades de Nishinotami e de Tanabe, na prefeitura de Wakayama. O jovem Ueshiba reverenciava seu pai, e este, vendo grande potencial no filho, propiciou-lhe todo o apoio material e moral para levar adiante suas ambições além do mundo limitado de seu lugar de nascimento. O filho, entretanto, sentia que não havia correspondido às expectativas paternas e, em 1901, com 18 anos de idade, foi a Tóquio, onde realizou um curto aprendizado no mundo dos negócios. No ano seguinte, abriu a loja Ueshiba, que distribuía e vendia artigos escolares e para escritórios, mas Ueshiba adoeceu e o pequeno negócio fracassou.

Pouco depois, alistou-se no Exército Imperial Japonês e lutou na Guerra Russo – Japonesa (1904- 1905). Foi promovido a sargento e teve uma baixa honrosa. Então, em 1912, aos 29 anos, reuniu um grupo de 54 famílias, com um total de mais de 80 pessoas do seu povoado natal, e fundou uma nova colônia em Shirataki, Hokkaido. Na época essa prefeitura era uma área aberta recentemente ao desenvolvimento e acolhia de bom grado todos os que quisessem trabalhar na terra. Durante sete anos como líder dessa nova colônia, ele cultivou a terra, serviu como membro do conselho da cidade e contribuiu para o desenvolvimento da região de Shirataki. Embora mostrasse certo talento para a liderança, ainda sentia que não havia realizado as grandes esperanças que seu pai depositava nele. A morte do pai, devida à doença, em janeiro de 1920, causou-lhe um grande choque Abandonando tudo em Hokkaido, voltou para casa, mas passou por um período de profunda angústia psicológica. Procurou então a orientação de Onisaburo Deguchi, o carismático mestre religioso da seita Omoto derivada do Shinto. Sob a proteção desse grande mestre, o fundador viveu na Sede Central da Omoto em Ayabe, prefeitura de Kyoto, praticou os ritos de meditação e de purificação Shinto e contribuiu para o fortalecimento dessa nova religião.

Os oito anos em Ayabe até mudar-se para a Tóquio em 1927 foram anos de formação no desenvolvimento espiritual do fundador. Durante esse tempo,  estudou a filosofia Shinto e dominou o conceito de Koto-tama (literalmente, palavra – espírito).

Depois da morte do pai e durante sua estada em Ayabe, a dedicação do fundador ao Budo tornou-se absolutamente exclusiva, antes de mais nada, devido ao incentivo de Deguchi. Antes dessa época, ele havia praticado e dominado diversas artes marciais, incluindo a arte da espada na escola Shinkage, Jujutsu nas escolas Kito e Daito entre outras. Uma de suas realizações mais notáveis foi receber o mais alto certificado da escola Daito das mãos do mestre Sokaku Takeda, a quem havia encontrado casualmente num albergue de Hokkaido em 1915, quando estava com 32 anos de idade. Foi este estilo de Jujutsu que abriu os olhos do fundador ao significado profundo das artes marciais. Os princípios da escola Daito diferem dos do Aikido, mas muitas técnicas são comuns.

O motivo que levou Deguchi a incentivá-lo a concentrar-se nas artes marciais foi que conhecia o rico e variado embasamento do fundador no Budo e anteviu esse caminho como um dos mais adequados ao temperamento, habilidade e aspirações dele. Aconselhou o fundador a destinar uma parte de sua residência em Ayabe para abrir um Dojo. Levando este conselho a sério, o fundador abriu o modesto Ueshiba Juku, com 18 tatames.

O Ueshiba Juku era originalmente destinado aos jovens da seita Omoto mas como o nome de Morihei Ueshiba, “O Mestre de Budo de Ayabe”, passou a ser amplamente conhecido, outras pessoas também começaram a freqüentar o Dojo, sendo os mais notáveis os jovens oficiais do vizinho porto de Maizuru. Sua fama se espalhou e os estudante começaram a vir de Tóquio e de outras partes distantes do Japão.

A partir de 1920, mais ou menos, mestre Ueshiba já pensava seriamente em estabelecer sua própria forma independente de Budo, e em 1922 proclamou o Aiki-Bujutsu como uma nova forma de arte marcial.

Como o termo Bujutsu sugere, essa nova arte mantém os princípios e técnicas de artes marciais mais antigas, que apresentam certas diferenças do Aikido atual. Sua originalidade aparece no uso de Aiki como um termo específico. nas várias transmissões de Budo existem algumas referências esparsas à idéia de “união” (Ai) de Ki com o adversário em combate, mas esta foi a primeira vez que o composto em si foi utilizado. Podemos também encontrar menções a Aiki – Jutsu, mas essa expressão tinha uma conotação psicológica e não constituía parte essencial de uma arte marcial. Em livros recentes são feitas referências a uma forma moderna de Ki-Aijutsu, popular entre as pessoas comuns, mas esta era um sistema psicológico que nada tinha a ver com o Budo como tal. Embora a escolha do novo termo Aiki possa ter tido alguma influência das escolas Kito e Daito, as quais se baseiam no princípio do Yin e do Yang e no uso do Ki, sua origem principal está no próprio treinamento de Budo de mestre Ueshiba, na sua experiência de vida e na compreensão do Ki obtida durante sua estada em Ayabe. A influência mais importante foi o domínio do Koto-dama, ao qual são feitas muitas referências em palestras.

Parece que o Aiki – Bujutsu não foi aceito imediatamente. As pessoas se referiam ao novo Budo como o Ueshiba-Ryu ou Ueshiba -Ryu – AikiBujutsu. Ainda assim, a fama de mestre Ueshiba continuava a espalhar-se por todo o país. O momento decisivo aconteceu em 1924 – 1925, quando, como se observou anteriormente, participou de uma expedição ao interior da Mongólia e, logo depois de retornar, quando desafiado por um jovem oficial da marinha em Ayabe, experimentou o Sumi-kiri, a claridade da mente e do corpo que tornou possível a unidade do Ki universal com o Ki individual. Tinha então pouco mais de 40 anos, e foi este fato que definiu a fundação de sua arte marcial.

Podemos dizer, então, que o ano de 1924 – 1925 marca o início do desenvolvimento espiritual do Aikido, pois desse momento em diante mestre Ueshiba propugnaria constantemente que “o verdadeiro Budo é o caminho da grande harmonia e do grande amor por todos os seres” e que cada movimento consiste no funcionamento da unidade Ki – Mente – Corpo.

No outono de 1925, depois de insistentes pedidos de seu admirador e protetor, Almirante Isamu Takeshita, o fundador foi a Tóquio para realizar uma demonstração diante de uma distinta platéia, entre a qual se encontrava o ex-primeiro-ministro, Conde Gonnohyoe Yamamoto. O Conde Yamamoto ficou profundamente impressionado pela demonstração do fundador e solicitou-lhe que digisse um seminário especial de 21 dias, no palácio anexo de Aoyama, para especialistas de alto nível de judô e Kendô do pessoal da casa imperial. Na primavera de 1926, foi novamente convidado pelo Almirante Takeshita a ir para a Tóquio, onde ministrou aulas de Aiki Bujutsu a integrantes do pessoal da casa Imperial, a oficiais do Exército e da Marinha e também a figuras de destaque do mundo da política e dos negócios. Em 1927, a pedido do Almirante Takeshita e de Onisaburo Deguchi, deixou Ayabe para sempre e mudou-se para a Tóquio. Durante os três anos seguintes, instalou diversos Dojo no distrito de Chiba, em Tóquio,  e treinou muitas pessoas em Aiki Bujutsu incluindo especialistas de alto nível de outras artes marciais. Houve sinais de reconhecimento do Budo do fundador como algo mais do que as artes marciais tradicionais, e algumas pessoas começaram a usar o termo Aikido para descrevê-lo. Em outubro de 1930, Jigoro Kano, fundador do judô Kodokan, teve a oportunidade de ver a arte magnífica de mestre Ueshiba, aclamou-a como o Budo ideal e, até mesmo, enviou-lhe alguns de seus alunos.

Apesar das tentativas de seleção, o número de alunos continuou a crescer, e o fundador teve de enfrentar a necessidade de um Dojo maior. Em 1930, estabeleceu um novo Dojo em Wakamatsu-cho, Tóquio, inicialmente alugando e mais tarde adquirindo a propriedade da família Ogasawara. O novo centro de treinamento, chamado Kobukan Dojo, ficou terminado em abril de 1931. Como se observou anteriormente, o Dojo da Sede Central do Aikido que ocupa atualmente o mesmo lugar.

Em 1936, o fundador decidiu que era hora de tornar clara a diferença entre as antigas artes marciais e a sua arte, dada a ênfase filosófica e espiritual que havia incorporado a esta última. Sentindo que a essência de sua nova arte era diferente da antiga tradição das artes marciais, abandonou o termo Bujutsu e deu a sua arte o nome de Aiki Budo. Esse passo necessário e inevitável lançou os fundamentos do futuro da sua escola. Como fundador de um novo sistema de arte marcial, sentiu profundamente a responsabilidade de subordinar a sua busca pessoal à expansão do caminho entre todos os que poderiam interessar-se por ele.

Em 1939 apresentou um pedido formal para que sua organização fosse reconhecida como instituição de personalidade jurídica com o nome de Kobukai. A aprovação do pedido no ano seguinte oficializou o Aikido e marcou o início de sua idade de Ouro. O número de membros aumentou e o nome de mestre Ueshiba tornou-se mais conhecido do que nunca.

A erupção da Guerra do Pacífico, em dezembro de 1941, e a virada crescente na direção do militarismo na sociedade japonesa só podiam dificultar o desenvolvimento do Aikido. Com o recrutamento da maioria dos jovens para as Forças Armadas, o número de alunos ficou visivelmente reduzido. Na tentativa de mobilizar o país para o esforço de Guerra, o governo, entre outros movimentos, ordenou a unificação dos diversos grupos de artes marciais num corpo único sob o seu controle. Assim, em 1942, várias tradições de judô, de Kendô e de outras artes marciais juntaram-se para formar a Grande Associação Japonesa da Virtude e das Artes Marciais.

Embora o fundador não expressasse suas objeções a essa ordem governamental, parece que estava definitivamente descontente com o fato de que o Budo que havia desenvolvido, diferente das outras formas marciais, fosse obrigado a tornar-se parte de uma organização dessas.

Firmemente disposto a não se misturar com outros grupos como apenas mais uma forma de arte marcial, chegou a sentir que o nome Kobukan Aiki – Budo sugeria que se tratava meramente do ramo ou estilo Kobukan de alguma arte mais ampla. Decidiu então proclamar o novo nome Aikido para identificar sua arte como uma forma original e distinta de Budo, entrando para a associação com o novo nome. Em fevereiro de 1942, o Aikido foi reconhecido oficialmente como o nome da escola do fundador. Eram decorridos 22 anos desde o nascimento do Ueshiba Juku em Ayabe.

Texto extraído do livro: O Espírito do Aikido

Autor: Kisshomaru Ueshiba

Editora Cultrix

03
maio
09

Jardim Japonês em Belo Horizonte

Jardim Japonês em Belo Horizonte Locais Interessantes Ligados ao Japão no Brasil: Jardim Japonês em Belo Horizonte 0 Jardim Japonês de Belo Horizonte, na Fundação Zoo-Botânica, situa-se em uma área de 5.000 m2 a foi construído em 2008, em homenagem ao Centenário da Imigração japonesa no Brasil. Possui árvores típicas, pontes a lanternas, um lago com peixes, cascatas artificiais e a reprodução de uma típica casa de chá japonesa. Recebe aproximadamente 100 mil visitantes ¡mês a já teve a honra de receber a visita de Sua Alteza o Príncipe Herdeiro do Japão. Fonte: Revista Japão Atual